A fragmentação dos setores de Panificação, Laticínios e Carne por toda a Europa resulta, frequentemente, na redução do nível de competitividade de Produtores de Alimentos Tradicionais (PATs), no desencorajamento da colaboração, na dificuldade de criação de novos negócios e na diminuição de oportunidades de venda e marketing.

Para obter uma compreensão mais aprofundada dos problemas e desafios específicos que os PATs enfrentam, o projeto TRADEIT consultou empresas (setores de Panificação, Laticínios, Carne) para identificar atuais necessidades de tecnologia, inovação e negócio, incluindo barreiras à implementação de soluções a nível local. Uma abordagem da base para o topo foi efetuada através da realização de 340 inquéritos e da participação de 322 empresas em workshops, seminários ou de visitas às mesmas. Os resultados destacam algumas das principais preocupações que a indústria dos alimentos tradicionais enfrenta atualmente.

Os maiores desafios de negócio, independentemente do setor, país ou volume de negócios são a gestão do crescimento, o aumento de custos, a incerteza económica, a falta de experiência de marketing e a identificação de mão-de-obra especializada. O fraco acesso às instalações foi referido como o maior problema na Irlanda, Polónia e Itália. O setor dos alimentos tradicionais é muito activo , estando os produtores de alimentos focados em estratégias de crescimento, incluindo o desenvolvimento de novos produtos, sendo esta uma grande prioridade para os PATs europeus consultados. Contudo, e apesar desta ambição, a internacionalização é um verdadeiro problema com  desafios significativos ao nível da  manutenção de mercados de exportação. De referir que os produtores alemães foram a exceção. Verificou-se não existir consenso ou uma tendência clara sobre o capital ou acesso a financiamento enquanto problema de negócio. De notar que a sustentabilidade não foi classificada como prioridade, sendo este um assunto essencial a ser abordado pelo projeto TRADEIT, sugerindo que a primeira  atividade seja educativa e  destinada à  sensibilização.

O tema da atualização tecnológica foi especialmente interessante; sendo a vontade em adotar nova tecnologia altamente variável. A maioria das empresas identificou a falta de adoção de tecnologia como um grande desafio ao crescimento do negócio. Contudo, as novas tecnologias não representam uma grande barreira ao crescimento do negócio ou à competitividade, estando este facto relacionado com a questão do "fabrico manual" associado à produção de alimentos tradicionais, o qual é uma barreira à atualização tecnológica. Interessante é o facto da proteção da informação sobre novas tecnologias ser um verdadeiro problema para muitas empresas, com ênfase na necessidade de informação específica do setor sobre desenvolvimentos tecnológicos e infraestruturas de apoio à transferência de tecnologia.

Curiosamente, aproximadamente 40% eram da opinião que existe uma pequena necessidade de inovação no mercado de alimentos tradicionais. A disponibilidade ou falta da mesma de conhecimento especializado interno sobre inovação não é percecionada como um fator determinante importante; fatores essenciais são a falta de fundos (tanto interna, como externamente disponíveis), a falta de acesso a conhecimento externo (Universidades, Centros de I&D, fornecedores de Tecnologia) e as dificuldades em encontrar parceiros para cooperação. Os principais tópicos de interesse para aquisição de inovação e tecnologia focaram-se nas áreas de segurança e qualidade alimentar, embalagem, prazo de validade e gestão da cadeia alimentar.

A compreensão detalhada destas questões permite que a equipa TRADEIT incida sobre as necessidade específicas dos PATs de Panificação, Laticínios e Carne nas respetivas regiões. Relativamente à necessidade de apoio em termos de identificação, seleção e transferência de tecnologia, será apresentado um programa de eventos de transferência de Tecnologia e missões de PMEs em cada um dos Centros TRADEIT, apoiados pelo mercado de comércio eletrónico TRADEIT (onde PATs podem pedir e receber apoio a questões relacionadas com tecnologia, inovação e negócio). Todos os eventos serão promovidos através da página Web TRADEIT e de atualizações, devendo aderir à lista de correio eletrónico do TRADEIT se pretender receber notificações dos eventos.

O projeto TRADEIT está atualmente a identificar e priorizar futuras atividades de investigação para PMEs de Produção de Alimentos Tradicionais (PAT) nos setores de Laticínios, Carne e Panificação, a fim de promover investigação, desenvolvimento e inovação (IDI) no seio das empresas PAT.

Para determinar o atual estado da esfera de Inovação em Alimentos e Investigação no contexto das PMEs de produção de Alimentos Tradicionais, Artesanais e Étnicos, as recentes Agendas Estratégicas de Investigação e Inovação por toda a Europa e Nacionais, incluindo a ETP Food for Life, SRA 2007 e SRIA 2012, JPI "Um regime alimentar saudável para uma vida saudável", Comissão, Indústria Alimentar e de Bebidas, Estratégia de Inovação e a documentação de políticas foram revistas para identificar componentes relevantes para a Indústria de Alimentos Tradicionais.

Desafios científicos essenciais identificados para as PMEs de Produção de Alimentos Tradicionais:

• Saúde & Nutrição: Com o aumento da exigência do consumidor de alimentos mais saudáveis e de alimentos com benefícios específicos para a saúde, existem oportunidades significativas de mercado que podem ser aproveitadas. A IDI é necessária para desenvolver e caracterizar produtos alimentares convenientes, de elevada qualidade e personalizados, correspondentes às diversas exigências do consumidor, incluindo estudos para explorar e verificar o efeito de alimentos específicos sobre a saúde humana.
• Segurança: A segurança alimentar permanece uma prioridade para a Indústria Alimentar Europeia, com recentes incidentes em grande escala relacionadas com a segurança alimentar. As necessidades essenciais de IDI são as tecnologias para a caracterização, deteção precoce e eliminação de perigos químicos, biológicos, relacionados com o processamento.
• Sustentabilidade e Produção Ética: Cobertura de múltiplos tópicos, como segurança alimentar, agricultura sustentável, desafio bioeconómico, eficiência de recursos e distribuição alimentar. As PMEs enfrentam também difíceis restrições económicas para satisfazerem a rigorosa legislação ambiental da UE (por exemplo, IPPC, custos de conformidade de regimes de comércio de emissões).
• Processamento e embalagem de alimentos: Novas tecnologias de processamento, produção e embalagem são exigidas, obtendo estas um equilíbrio entre o melhor desempenho processual e o impacto na qualidade alimentar, segurança, desempenho e impacto ambiental (p.ex. baixos níveis de resíduos, embalagens ativas e inteligentes).
• Sensibilização do consumidor: São necessários estudos para compreender melhor o consumidor e para garantir que os novos desenvolvimentos relacionados com alimentos, como parte de dietas equilibradas e estilos de vida ativos, são aceites pelo consumidor.
• A cadeia alimentar: Existe uma necessidade de ajustar a tendência de uma maior integração processual ao longo da cadeia de valor para a organização de uma abordagem em rede flexível e recetiva para adaptar rapidamente, para ultrapassar problemas estruturais e para colocar o foco nas necessidades do consumidor. Tecnologias que desenvolvam uma melhor logística (desde o agricultor, processador, distribuidor, vendedor, consumidor), um maior conhecimento das preferências do consumidor, estratégias de preços, a exploração de estruturas de retalho e atividades originadas pela inovação social são necessárias.
• Inovação: Facilitação e promoção contínuas de inovação no setor alimentar são necessárias para garantir que o setor evolui e volta a ganhar o seu posicionamento competitivo num contexto global.

Este conhecimento será mobilizado em futuras consultas às partes interessadas, a fim de acelerar e focar discussões em áreas essenciais com importância para os produtores de produtos alimentares tradicionais, artesanais e agroalimentares para desenvolver uma Agenda Estratégia de Investigação e Inovação para as PMEs europeias.

A agenda de investigação desenvolvida irá propor tópicos para a promoção do investimento no desenvolvimento de tecnologias e processos relevantes e economicamente viáveis no contexto de empresas de produtos alimentares de pequena e micro escala.

Atualmente, existe uma consulta a nível europeu para a identificação de necessidades e tópicos de investigação; sugestões e recomendações são bem-vindas em info@tradeitnetwork.eu

TRADEIT irá disponibilizar um programa de formação de empreendedorismo intensivo de 3 dias para Investigadores de Alimentos Pós-Graduados e Gestores de Centros de Investigação, entre 15 e 18 de junho de 2014 em Tralee, na Irlanda. Aos participantes será oferecida a oportunidade de considerar a implementação do seu próprio negócio e/ou liderar soluções inovadoras para uma PME de Alimentos Tradicionais existente.

Os 25 melhores investigadores e os 5 melhores gestores de centros de investigação terão a oportunidade de trabalhar em rede com os respetivos pares e com um painel de oradores e representantes do setor empresarial de PMEs e multinacionais. Os primeiros 30 candidatos selecionados irão receber o seguinte:

• Uma oportunidade de explorar o valor comercial da sua investigação
• Uma oportunidade de determinar o âmbito de uma cultura inovadora e empresarial para o seu centro de investigação
• Um pacote de recursos extensivo
• Apoio virtual contínuo
• Apoio de um mentor local
• Acesso a uma rede extensiva
• Isenção de taxas de registo para a Academia de Verão de Empreendedorismo
• Uma bolsa de viagem para voos e acomodação.

Na academia participam excelentes oradores e membros de painel com experiência e uma trajetória significativas na Europa e além. Mais pormenores sobre todos os oradores e membros de painel encontram-se disponíveis em www.tradeitnetwork.eu.

Os participantes terão a oportunidade de trabalhar em rede e aprender com os seus pares, gestores de centros de investigação e representantes de PMEs de Alimentos Tradicionais ao longo de toda a Academia.

No final da Academia de Verão de Empreendedorismo, os investigadores de alimentos terão adquirido um pacote de recursos ‘pronto para lançamento no mercado’. Porém, ainda mais importante, terão acesso a uma rede de contactos e apoios por toda a comunidade internacional TRADEIT, aumentando a respetiva mentalidade Empreendedora e Inovadora.

Como candidatar-se?
Por favor, preencha o formulário de candidatura disponível em www.tradeitnetwork.eu. Existe apenas um número limitado de vagas disponíveis no programa. Submeta a sua candidatura dentro do prazo por email para "breda.odwyer@staff.ittralee.ie", até às 17h00 de sexta-feira, 10 de Maio de 2014, ou por correio tradicional para "Breda O’Dwyer, Manager CEED, Tom Crean Business Centre, Kerry Technology Park, Tralee, Co. Kerry, Ireland".

"Numa pequena organização, a flexibilidade e adaptabilidade são essenciais para a sobrevivência no atual mercado" Mikko Sairanen, Diretor-geral da Maitomaa.

História da empresa
A Maitomaa, atualmente uma das mais antigas cooperativas da Finlândia, foi fundada em 1915 por um grupo de produtores de leite, motivados pela necessidade de um local único para o processamento de leite e  produção de laticínios. A cooperativa é constituída por aproximadamente 120 produtores de leite  e cerca de 50 funcionários. A empresa tem conseguido sobreviver  a mudanças significativas e desafios sentidos pela Indústria dos Laticínios. De facto, o número de produtores de laticínios tem vindo a diminuir, mas os produtores que têm mantido o seu negócio têm expandido. Atualmente, existem 35 instalações de produção de produtos lácteos na Finlândia, sendo metade do número de fornecedores  existentes há 20 anos. O mercado de produtos lácteos tornou-se mais global, existindo uma maior procura por produtos autênticos de elevada qualidade.

Produtos
A Maitomaa, a maior  cooperativa na categoria de pequena empresa  de laticínios na Finlândia Oriental, iniciou a atividade com a produção de manteiga, tendo progredido para o queijo fresco, continuando estes a serem os principais  produtos de venda da Maitomaa. A empresa tem vindo a produzir leite para consumo desde 1995. A elevada procura por produtos finlandeses genuínos e puros tem sido um fator chave de sucesso da cooperativa, que é apenas fornecida por produtores regionais de leite.

Contudo, como é o caso de muitos produtores de alimentos tradicionais, a fim de manter e aumentar a sua quota de mercado, a Maitomaa teve que inovar e diversificar as suas gamas de produtos tradicionais. Isto inclui o desenvolvimento de ma nova linha UHT ("ultra high temperature"), utilizada para produzir uma nova gama de leites e queijos frescos. A utilização de leite sujeito a tratamento UHT como ingrediente para outros produtos proporcionou diversas oportunidades de mercado, incluindo o desenvolvimento de produtos sem lactose (utilizando leite UHT sem lactose), categoria de produtos com elevada procura na Finlândia. A empresa tirou partido da procura regional e nacional por produtos com um prazo de validade alargado e tem como objetivo a sua expansão para novos mercados, resultado das  vantagens logísticas derivadas do prazo de validade alargado.

Com base no forte espírito de inovação, a Maitomaa entrou numa parceria com uma cervejeira tradicional, a cervejaria Olvi, desenvolvendo uma gama única de snacks e bebidas de desporto com elevado teor proteico e  fibras. Todos os produtos da marca Maitomaa são vendidos a nível nacional, fornecendo adicionalmente produtos de marca própria para as cadeias de lojas de retalho, como o Lidl e SOK, com exportação de 35% da produção de manteiga para toda a Europa.

Planos futuros e marketing
No que respeita a planos futuros, existem diversas áreas alvo, incluindo o crescimento contínuo no comércio interno, através de uma combinação entre marketing e desenvolvimento de produtos, e uma expansão paralela com exportações para os mercados russos.

Existem imensas oportunidades em torno da linha UHT. Contudo, as atividades de desenvolvimento de novos produtos exigem um investimento significativo e recursos, sendo um desafio. Adicionalmente à necessidade de incorporar um foco estratégico na inovação de produtos, a Maitomaa está também focada no aumento da sua relevância e inovação nas respetivas atividades de marketing. A empresa está prestes a dedicar-se totalmente à publicidade digital e a campanhas publicitárias baseadas nos meios de comunicação social, que são mais eficazes na conquista de novos clientes e mercados.

A Maitomaa foca-se, enquanto organização, fortemente na sustentabilidade e no ambiente, investindo em novas tecnologias para reduzir o consumo de energia e as emissões, melhorando a respetiva pegada de carbono. A empresa até já adquiriu um certificado ambiental, Hyvää Suomesta-Produce of Finland, ponto diferenciador que deverá ser evidenciado.

Apesar dos desafios serem significativos, tais como a variabilidade do mercado, o preço do leite, as exigências regulamentares e os recursos,  Mikko Sairanen está confiante no futuro da Maitomaa.

Projeto TRADEIT
A Universidade de Ciências Aplicadas de Savonia apresentou à Maitomaa o consórcio TRADEIT, enquanto o projeto se encontrava em desenvolvimento, sendo a empresa um dos parceiros Produtores de Alimentos Tradicionais.

A Maitomaa espera estabelecer ligações com outras empresas,  a fim de identificar e desenvolver inovações e ideias para novos processos e produtos, idealmente através de um fórum aberto de inovação. Mikko informou que "É mais fácil criar soluções quando se obtém ajuda de outras empresas e se devolve o favor, sendo oferecida uma oportunidade de expansão e partilha de conhecimento". A Maitomaa pretende explorar e desenvolver através das atividades de trabalho em rede e de apoio do projeto TRADEIT os seguintes temas: gestão de resíduos, questões ambientais, soluções de embalagem e desenvolvimento de produtos. .Nesse sentido, a possibilidade de desenvolver novos processos e de encontrar soluções que nunca teriam ocorrido sem esta oportunidade, torna o projeto TRADEIT aliciante.